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Balanço geral do 2º. dia: Desculpa, aí!

4 maio

Começo a crítica com um pedido de desculpas. Uma das questões que os blogueiros-unidos discutiram e continuam discutindo na crítica de moda, são aqueles relatos de desfiles bem técnicos, que só os iniciados no vocabulário-fashion conhecem, como se o crítico escrevesse para outro crítico.

Sim, fui um dos maiores críticos disso. Queridos, não se sintam traídos. Sim, as linhas abaixo têm vários momentos tecnicistas. Têm descrições. Confesso, que nem tive tempo de reler, antes de publicar.

A desculpa maior é que ontem, a Biti Averbach/Moda sem Frescura, levantou a bola do problema técnico que os estilistas enfrentam, e eu concordo e assino embaixo. No segundo dia, a questão reapareceu, de uma forma mais positiva. Teve até a entrevista da Briza, que disse: ”Não queria ser maior do que eu mesma, e isso se reflete na roupa e no meu domínio técnico”.

Inspirado nisso, resolvi entender como a questão técnica foi tratada no segundo dia. É uma visão particular, pessoal, reflexiva e não-conclusiva. Estou levantando uma bola, para quem quiser cortar, por favor, faça-o, ok? Ricardo Oliveros/Fora de Moda

Novas silhuetas e volumes para o bem e para o mal

O que mais chamou atenção no segundo dia foram os grandes volumes localizados e o modo como os jovens estilistas lidaram com os plissados, nervuras, pregas e rolotês, sobreposições, procurando novos sentidos para silhuetas.

weider.jpg Charles Naseh/Chic

Casaco destaque de Weider Silveiro

Quem se deu muito bem neste jogo foi Weider Silveiro, ex-assistente de Walter Rodrigues. Com a coleção inspirada na legendária estilista francesa Madame Grès e na heroína de HQ, a dominatrix Valentina, desenhada por Guido Crepax, soube lidar com a lã, em diferentes gramaturas, com um precioso trabalho de modelagem, plissados muito bem localizados, que marcavam a cintura e o busto, além de nervuras e pregas que redesenhavam a silhueta na área dos quadris.

O impressionante casaco cinza visto nas araras do backstage, ganhou força e volume na passarela, com sua gola assimétrica vermelha, abotoamento deslocado e o legging de látex, com aparência de vinil.

weider2.jpg Charles Nosah/Chic

Vestido artéria de Weider Silverio

Destaque para os vestidos com rolotês que percorrem como artérias os vestidos e abrem na extremidade com um leve evasé, ou os bubbles que dão um ar entre o bufante e o estruturado, tanto em mangas, shorts e saias de cintura altíssima.

weider-3.jpg Charles Nosah/Chic

Vestido talento de Weider Silverio

No conjunto, ele alterna alguns looks mais simples, com outros over, sendo que os azuis não caíram tão bem quanto os cinzas e negros. Quando a simplicidade chega no vestido quase-quase trapézio, mas com acabamento balonê e mangas com extremidade em viés, ali temos um momento que diz que ele é realmente um talento jovem que merece ser acompanhado de perto.

A ultra-jovem Briza enfrentou seus vários medos na passarela. Ela é uma menina muito séria e consciente de suas limitações, não de talento, mas de experiência mesmo. Do filme Metrópolis, ele retira a personagem Maria, que é uma metáfora da passagem para a Revolução Industrial. Mas aqui ela pode ser entendida como um ritual de passagem.

briza.jpgbriza-2.jpg Charles Nosah/Chic

Um dos caminhos de Briza :: Vestido-avental

Na abertura, um interessante vestido-avental cinza com as costas nuas indicava um bom caminho, que foi retomado lá na frente, explorando a simplicidade e eficiência dos tecidos, como seda, voal e tafetá. Antes, malhas e moletons fazem o volume crescer, aumentar, chegando em maxi-pantalonas, que deixaram as magérrimas modelos extra-extra-large. Karlla Girotto fez uma coleção pensando em mulheres reais, com modelagens bem amplas, mas em nenhum momento com exagero na silhueta GG. Ao contrário, era uma valorização dela, tirando o melhor que este tamanho pode oferecer.

briza-3.jpg Charles Nosah/Chic

Momento XXL de Briza

Os dois looks plissados foram complicados, o primeiro exibia uma dobradura na altura do busto e o segundo recebeu três laços que atavam o vestido, mais como um recurso de imagem do que roupa.

No release, a estilista fala dos seus medos, do medo de ser engolida pela indústria da moda. Oras! Quem está na chuva, tem que se molhar. Não dá para ficar no muro, com um pé ali, outro acolá. A moda tem muitas facetas, aceita tudo com muita facilidade, chega a ser promíscua em suas relações. Mas coragem, menina, coragem. Se esta é sua verdadeira paixão, deixa o vento te levar. Agora, se não é, existem muitos lugares para os manifestos, ok?

Nesta série, a “modernidade quer volume”, a P’tit, um coletivo formado por Anna O., Heloisa Faria, Leonardo Negrão, e agora com Carol Marinoni (responsável pelo marketing da marca), vieram com a “desumanização associada à robótica”. Pois é. Claro que o tema é um mote, e não o resultado. Não consegui falar com eles no backstage, e confesso que não achei no desfile, esta busca futurista.


pitit.jpg Charles Nosah/Chic

Poucas camadas e nenhum futurismo :: P’tit

Eles são fruto de vários desejos e vontades, e são reconhecidos pela mistura de tecidos e sobreposições que fazem sempre. Tem aquele ar retrô porque muitos tecidos são garimpados, e eles ficam ali esperando o momento de sua participação. Desta vez, por causa de uma decisão de styling, que eles mesmos fazem, alguns looks voltaram mais simples, sem as camadas originais que desfilaram. Fábia Bercsek fez isso no seu desfile de Inverno 2007, de forma brilhante. Na P´tit, foi uma revelação de que vários looks ficaram melhores sem tantas camadas. Por exemplo, o delicado vestido branco, todo rebordado de pingentes de cristais. Daí, você começa a refazer mentalmente o desfile para ir desmembrando as peças e descobrindo seus achados aqui e acolá…

DNA é a palavra-chave do momento

À primeira vista, juntar na mesma crítica Walério Araújo e Fabiana Bauman pode parecer um disparate ou surto. Um é festa, nonsense, um fake glamour assumido e descarado. Outra é segura, não se arrisca muito, constrói um vocabulário cuja qualidade aparece nos detalhes, não é exibida, é contida.

Então, o que poderia uní-los? Eles sabem para quem fazem suas roupas e não tem dúvidas quanto a isso. O Herchcovitch disse uma vez que a primeira coisa que o estilista tem que descobrir é seu público-alvo. Para quem ele faz sua roupa. Concordo em gênero, número e grau. Quando um estilista começa a atirar para todo o lado, pode até acertar em algum alvo, mas é por mero acaso e não devido à consistência do seu trabalho.

De uns tempos para cá, o jornalismo de moda do mundo inteiro vem batendo na tecla do DNA, ou seja, aquilo que você reconhece e que diferencia uma marca da outra. Num mundo globalizado, onde as tendências são anunciadas pelos birôs de estilo com muita antecedência, a interpretação pessoal de cada estilista conta, e conta muito.

O que me chamou a atenção, nestes dois desfiles, é que as coleções são muito coerentes com os seus criadores, com o que eles desejam e onde eles querem chegar.

Fabiana Bauman se insere num núcleo de moda que tem como pares Juliana Jabour e Raia de Goeye, salvo as diferenças e distâncias de cada uma. Elas têm em comum o fato de serem consumidoras da própria marca, ou terem em seu grupo social, pessoas que se identificam imediatamente com seu estilo. E não vou entrar na questão de valores e de gosto.

bauman.jpg Charles Nosah/Chic

Vestido minimalista de Bauman

O vestido-síntese da estilista, neste desfile, é um trapézio cinza que tem dobraduras na lateral. É simples, tem alguma informação a mais na mais-que-batida-fórmula, é curto, é fácil e deve vender bem. Meninas da Oficina de Estilo, se eu estiver errado, me corrijam, please. Todas as roupas, tem um toque, um detalhe que busca esta pequena diferença.

Tem novidade, não. Pode-se questionar sua presença ali, talvez. Mas que ela sabe o que está fazendo, eu não tenho dúvidas. Se eu gosto? Isso não vem ao caso, mesmo porque eu não sou o público-alvo dela. Entendeu?

Já Walério Araújo, é a própria síntese de suas coleções. Ele borda, reborda, estampa, brinca, chocha. Tem babado, tem. Tem cinturas marcadíssimas, tem. Tem alma de 25 de março, porque não? Pode ir numa festa glamurosa? Com certeza. A série de looks com pérolas falsas bordadas, é a alma, o DNA, a cara e o jeito dele. Tudo brilha-rebrilha, balança, e dá um efeito que só quem sabe o que é arrasar, pode. Com muito babado, literal e metaforicamente.

walerio-2.jpg Charles Nosah/Chic

Look maximalista de Walério Araújo

No aniversário dele, comemorado recentemente, poderia ter acontecido o desfile. Gays, travestis, heteros, socialites, e até a Preta Gil, rainha do bafo, fez às vêzes de DJ. No final, com as modelos todas perfiladas na fila de agradecimento, ao lado esquerdo da passarela, ele surge, só na silhueta, fundo de passarela, de salto alto. Vem desfilando, debochado, nosso John Galliano brasileiro, como o Aurélia Vitor Angelo já disse.

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Na parte detrás da cabeça, uma máscara de porco. O recado está dado: Pérolas aos Porcos. E ainda dá tempo de dar uma sambadinha, e sair feliz da vida. Como nós, afinal. PARABÉNS, MEU BEM!!!

O que é a crítica de moda, afinal?

Vou dividir esta história com vocês. Poderia citar outros exemplos do mesmo fato, mas é a primeira vez, que isto aconteceu diretamente comigo.

Estava lá no camarim vendo as roupas, quando o Maurício Ianês me apresenta o estilista capixaba, Ivan Aguilar. Momento saia-lápis urgente, sabe como?

Na temporada passada, eu fiz uma crítica bem dura sobre o desfile de Verão e principalmente à sua linha feminina, que ele acabava de lançar. Por uma daquelas coincidências, a matéria ficou um dia inteiro na home do UOL. Afinal, tinha saído uma matéria na coluna da Mônica Bergamo falando sobre os 10 ternos que ele tinha dado de presente para o presidente Lula. Prato cheio!

Ele diz logo de cara: “Obrigado pela crítica. No começo fiquei meio mal, depois entendi o que você tinha escrito, e voltei a fazer só masculino.”

Fiquei pensando no papel da crítica de moda. É muito fácil falar mal, é muito fácil não gostar ou gostar. É muito fácil ser leviano e não entender a importância da crítica. Afinal, a história da moda brasileira profissional é muito recente. O jornalismo de moda brasileiro é restrito a um grupo muito pequeno de pessoas. Toda a engrenagem que move este mundo particular também é. Sobreviver exclusivamente de moda é para poucos, pouquíssimos. Está na hora de cada um saber o papel que está desempenhando neste círculo da história.

Logo após os desfiles me perguntaram se eu achava adequado um estilista como o Ivan estar na Casa de Criadores. Se as peças de plástico era só um recurso para dar uma modernidade a uma roupa careta, comercial.

Vamos lá. Ele realmente não é um jovem estilista, tem um bom nome no Espírito Santo, e penkas de anos de carreira consolidada. Por outro lado, é inegável que o grande eixo da moda é composto por Rio e São Paulo. Minas também tem expressividade, mas mesmo os estilistas de lá desfilam no SPFW ou no Fashion Rio. Quem está fora deste eixo tem que batalhar para existir em termos nacionais.

A opção de Aguilar foi começar na Casa dos Criadores, para depois tentar o Fashion Rio. É uma solução que ele encontrou para vencer as barreiras que não são só geográficas no mundo da moda.

Ele tem uma roupa careta? Me lembro da palestra do Colin MacDowell falando das dificuldades que a moda masculina tem de evoluir. O estilista capixaba é bem informado e trouxe as novidades da temporada: terno de um botão, a mistura de alfaiataria e esporte, principalmente, no paletó-casaco que tem acoplado na lapela, uma gola de punho, bem ao gosto das sobreposições que tiveram origem nos rappers americanos, e hoje é febre no mundo inteiro.

ivan.jpg Charles Nosah/Chic

Camisa plástica de Ivan Aguilar
Os tecidos, acabamentos e modelagem são impecáveis e são a marca registrada do estilista. Sua pesquisa de tecidos trouxe inovações com as camisas e os casacos de plásticos. E acreditem, é confortável, porque ele prensa o tecido no próprio plástico para fazer forros sofisticados, uma técnica de alfaiataria conhecida como coenização. Esta técnica substitui a antiga entretela que era alinhavada internamente nos ternos para dar estrutura. As estampas digitais são feitas à partir de obras do artista Raphael Samú, que ampliadas dão ótimo efeito gráfico, principalmente no trench coat 7/8 feito de duratan, que é o mesmo material de confecção de outdoors. Por coincidência, eu estava com uma bolsa da Parcell de NY que é uma marca especializada neste material. Alguém falou em reciclagem/sustentabilidade???

ivan-2.jpg Charles Nosah/Chic

Trench de duratan

A moda masculina precisa de alternativas viáveis para crescer, como sempre lembra, o crítico de moda masculina, Lula Rodrigues. O homem de verdade, que não é tão moderno assim, precisa de marcas que ele possa comprar. Precisa de alternativas para as VRs e os Ricardo Almeida, sim. E no final das contas, o Ivan Aguilar é uma opção para se ter em vista e em conta.

Agora, que ele voltou ao seu lar original, poderia investir numa linha mais jovem, com uma silhueta mais skinny, porque esta ainda vai durar por algum tempo. Heidi Slimane que o diga, não é mesmo?

1066939.jpg Charles Nosah/Chic

Up-to-date :: terno de um botão

Comemoração

4 maio

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A marca ASH, que  fez um ótimo desfile na quarta-feira, mostrando peças com estampas inspiradas em street art (veja as imagens acima), comemora a participação na Casa de Criadores com uma venda especial na Garimpo+Fuxique de Aninha Strumpf. Vai ser neste sábado, 5 de maio, das 14 às 19 horas, com direito a drinks e descontos de 15%. Não dá pra perder! A loja fica na rua Bela Cintra, 1677, Jardins.

Postado por Biti Averbach/Moda sem Frescura

Crítica: Gustavo Silvestre

4 maio

Quem fechou o dia foi Gustavo Silvestre que optou por uma “apresentação”, como ele mesmo disse, ao invés de um desfile convencional. Numa sala anexa à sala de desfile, decorada como um estúdio fotográfico, as modelos ficavam imóveis sentadas em bancos de madeiras, ou em pé encarando a todos que passavam para analisar as roupas.

Gustavo dá ênfase ao conforto, que vem traduzido nos tecidos naturais, formas evasês e modelagens mais soltas. A cartela de cores privilegia o preto e o estilista aproveita ainda para inserir alguns looks com estética mais masculina. Porém, o que prevalece mesmo são os bordados, ponto alto de quase todas as coleções do estilista. Muito bom ver como Gustavo consegue manter seu DNA, evoluindo sem perder o estilo.

Postado por Luigi Torre/About Fashion

Crítica: Rober Dognani

4 maio

Coube a Rober Dognani salvar o dia, com seu desfile todo inspirado na noite paulistana. Todo em preto, com make incrível de muito glitter no rosto, Rober abusa sem medo dos volumes. Maxigolas, ombreiras, mangas e babados. Recortes em couro, cetim e tule mostram um bom mix de tecidos e texturas, dando maior sofisticação aos looks. Além da ousadia dosvolumes, muito bom o trabalho de plissados, pregas e modelagem.

Postado por Luigi Torre/About Fashion

Crítica: Paula Bertone e Mario Catto

4 maio

Paula Bertone e Mario Catto migram do projeto LAB para o line-up oficial da Casa dos Criadores nesta edição, apresentando dois desfiles em um só. É que a coleção feminina e masculina não tinham relação alguma. A começar pelas inspirações: Paula, responsável pela linha feminina, buscou inspiração no mágico Houdini, enquanto Mario teve o ator Antonioni como base para sua coleção.

Tons neutros, com muitos cinzas, marrons e beges marcam a cartela de cor de Paula, que aposta em volumes balonês para as microsaias combinadas com jaquetas mais ajustadas ao corpo, ou blusas mais soltas. Alguns volumes, de formas e modelagens estranhas acabaram não funcionando muito, assim, como os micro vestidos e saias transparentes. Paula se dá melhor nos vestidos finais, de modelagem mais ampla e silhueta mais confortável.

O masculino, também sem novidades, vem mais comportado. Mario experimenta na alfaiataria apresentando blazers em tapeçaria com motivos florais, ou com recortes em diferentes cores e tecidos. As calças, com faixas laterais acabam destoando um pouco do look total. Depois Mario passa para um linha mais casual com calças xadrez com abotoaduras laterais e termina com uma série de camisetas com estampas geométricas. Como já disse, nada de novo.

Postado por Luigi Torre/About Fashion

Preview: terceiro dia

4 maio

Confira o que será visto nas passarelas do último dia de Casa de Criadores.

Gêmeas
O estilo e a vida da cantora londrina radicada na França Jane Birkin foi o ponto de partida das Gêmeas Isadora e Carolina Fóes Krieger para esta coleção.

Tecidos: malha, jersey, lurex, sarja
Cartela de Cores: vinho, preto, prata
Volumes e formas: não divulgado
Acessórios: colares, broches e pulseiras
Styling: Thiago Ferraz
Trilha Sonora: Luis Depeche

Coletivo Rush
Caos urbano, movimento, construções, identidade e multiplicidade… Não uma única inspiração, mas sim vontades que impulsionam o grupo diante da voracidade do mundo contemporâneo em um excesso de informação e acontecimentos.

Tecidos: tafetá, tricoline, microfibra, pique, cirre e tricot.
Cartela de cores: azul, cinza, roxo e rosa.
Volumes e formas: não divulgado.
Acessórios: não divulgado.
Styling: Mint
Trilha sonora: Hugo Frasa.

ADD (Attention Deaf Disorder)
Em sua primeira apresentação dentro do line-up da Casa de Criadores, a ADD utiliza fatos históricos como o movimento zapatista e a civilização Maia para criar suas estampas e cores. Aposta numa moda “street casual sport fino”.
Tecidos: cambraias de linho e algodão, sarjas e panamás mercerizados em algodão, denim, tecnológicos, malhas em algodão e rugby.
Cartela de cores: preto, branco, chumbos, musgos e multicoloridos.
Volumes e formas: do slim ao easy fit.
Acessórios: sacolas, pastas e cintos.
Styling: Ciro Midena.
Trilha sonora: não divulgado.

Ivã Ribeiro
Uma mistura de inspirações com referências à personagem Virgínia Woolf do filme “As Horas” e ao anime japonês Sailor Moon.

Tecidos: couro, lã, algodão, malha.
Cartela de cores: preto, chocolate, branco, lilás, verde, vermelho e cinza.
Volumes e formas: abaloados tipo Paul Poiret e alguns acinturados.
Acessórios: sapatos e bolsas da NATIVA , sandálias de tiras largas e colares-golas.
Styling: Ivã Ribeiro
Trilha Sonora: Raphael Volk (tipo videokê japonês)

Thiago Marcon
O estilista parte do universo dos HQ´s para desenhar sua coleção, evidenciando uma elegância nova e informal. Tina, Rolo e Pipa surgem como ícones da apresentação que une juventude e sofisticação.

Tecidos: Moletom e lã.
Cartela de Cores: Preto, Branco, Cinza, Marrom e Vermelho.
Volumes e Formas: volumes descontraídos e formas elegantemente mais relaxadas.
Acessórios: scarpins hiper decotados e maxi bolsas de lã.
Styling: Thiago Marcon.
Trilha Sonora: Marco A.S.

João Pimenta
O contraponto entre pobre, rico e o excesso são os fios condutores da coleção, com referências nas Congadas, que também fazem parte das memórias do estilista, pois seu pai foi um dos capitães dessas festas em Minas Gerais.

Tecidos: malhas, moletons, rendas francesas, brocados, cetins italianos e veludos, totalmente reciclados e garimpados pelos brechós da cidade.
Cartela de cores: o vermelho predomina.
Volumes e formas: não divulgado.
Acessórios: não divulgado.
Styling: João Pimenta.
Trilha sonora: Maurício Alves.

Postado por Glauco Sabino/ descolex

Conheça Carol Demarchi

4 maio

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Este rosto incrível da foto acima, que deixou muito fashionista de boca aberta ontem durante o segundo dia de Casa de Criadores é a Carol Demarchi. Mas não foi só os fashionista nacionais que a jovem modelo conquistou. Carol acaba de voltar de Nova Iorque onde estava sendo fotografada por ninguém menos que Jurgen Teller para a campanha de inverno 2007/08 de Marc Jacobs. Carol disse que não podia dar mais detalhes sobre a campanha.

A modelo desfilou para as duas grifes de Marc Jacobs – a que leva seu nome e Marc by Marc Jacobs – em Nova Iorque e Londres. Carol ainda contou que o contato com o próprio estilista foi mínimo “só durante o backstage dos desfiles”. MJ não esteve presente nas fotos da campanha, que foram coordenadas por suas produtoras, assistentes e, é claro, Jurgen Teller, que assina quase todas as campanhas do estilista.

Aqui na Casa de Criadores, Carol foi quem abriu o desfile do Weider Silveiro, um dos melhores desfiles do dia, com legging de látex com tratamento de óleo especial que você jurava ser vinil, sob regata cinza com paetês dourados em ondas.

Postado por: Luigi Torre/ABOUT FASHION

Corredores: Abravanation!

4 maio

Dudu Bertholini e sua trupre, os abravanations, estiveram presentes no primeiro dia de Casa de Criadores. Ferveram muito, deram entrevistas e causaram com todo aquele look que só eles têm (eu adooooro!). Para quem ainda não conhece o que é esse “movimento”, vale ler a matéria que saiu no trend central sobre São Paulo, com o título “Hot trends from around the globe”:

SÃO PAULO: ABRAVANATION

This emerging art/music/fashion movement got its name from the verb “abravanar”, wich means to stretch, to be lazy, to liberate oneself. The movement is defined by lots of color and vibrancy and has been heavily influenced by the musician Rick Castro. There are even “Abravanation” parties, wich bear noticeable resemblance to a Mardi Gras parade in the insouciance of activity, behavior and dress.

Tá, meu bem? Mas, só um detalhe: Rick Castro não é músico. Ele é arquiteto/artista plástico. Agora, se você leu esse post até aqui, TEM que assitir esse vídeo. É o grupinho todo dublando aquela música tosca “The Book is on the Table”. Imperdível.

 Postado por Glauco Sabino/ descolex

Bastidores 2º dia :: O espírito da Semana de Moda

4 maio

Como deu para perceber, ontem não deu para ir à abertura da Casa de Criadores. Como é bom trabalhar em equipe, não? O blogueiros-unidos deram um banho. Não acha, não? Afe… Hoje cheguei mais cedo e observei a movimentação dos backstage. Como sempre, é uma delícia cobrir o evento que completa 10 anos. A informalidade, a leveza, a falta de burocracias são muito boas, especialmente para quem está cobrindo.

O acesso ao backstage é simples, o pessoal da namídia assessoria de comunicação facilita todo o trabalho, todo mundo se conhece, os estilistas do outro dia estavam lá para dar uma força para os amigos, a imprensa vai lá, e você reencontra muita gente, que mal dá tempo para dizer um olá, no SPFW, por exemplo.

Claro, que as ausências são sentidas aqui e acolá, mas muita gente de peso, se não pode ir, manda alguém para cobrir. E sim, o GNT Fashion mandou equipe para fazer matéria, tinha a TV Bandeirantes, muitos sites de moda, e a gente. EEEEEEEEEEEE!!!!

É claro, que na abertura, com o André Lima estava mais lotado, porém, foi ótimo ver, que o André Hidalgo consegue manter o mesmo espírito vivo até hoje. Vida longa!!!

Pelas primeiras impressões e conversas, deu para perceber, que a noite promete. O conjunto das coleções está melhor do que no primeiro dia, segundo o que se conversava, e tem Valério Araújo, que sempre é uma festa para os olhos e para alma, porque em tempos bicudos, humor é fundamental.

As notas a seguir, foram as que deram para fazer, afinal, a afetividade fashion existe, e como eu não sou o Colin MacDowell, que não pisa numa redação há 20 anos, e moro em São Paulo, quero rever e dizer Oi, para muita gente. Ricardo Oliveros/ForadeModa

Ivan Aguilar volta só com masculino e anuncia ponto de venda em SP

O estilista capixaba de moda masculina, Ivan Aguilar, em entrevista ao BlogView anunciou que pretende abrir este ano ainda um ponto de venda em São Paulo: “Eu não vou abrir uma loja, e sim um corner ou ponto de venda na cidade. Estou ainda negociando, mas daqui há pouco, conto para vocês.”

Ele também foi um dos candidatos para a próxima temporada do Fashion Rio: “A comissão analisou meu portfolio e fiquei em segundo lugar. Como só tinha uma vaga, ela ficou com a Disritmia. De qualquer forma fiquei feliz em ter o trabalho reconhecido”.

Sobre a questão de ser taxado como “o estilista do Presidente”, foi taxativo: “Isso me deu mais dor de cabeça, do que retorno positivo. Fui muito ingênuo na época.” Se referindo a polêmica causada sobre os 10 ternos que ele enviou de presente para Lula.

Na temporada de Verão, ele lançou uma linha feminina, que foi bastante criticada: “Agradeço muito as críticas na época, porque fizeram voltar o meu foco para aquilo que eu sei fazer”.

Sobre a coleção de Inverno 2007, ele realmente retornou a sua casa. Usando de técnicas de alfaiataria, como o coenização, que substitui a entertela que era costurada pelos alfaiates para estruturar um terno, ele explicou que hoje esta parte é fundida no próprio tecido. Com isso, ele trouxe várias peças de plástico, com acabamento interno coenizado, além de um casaco em duratan, a espécie de lona usada em outdoors. Ricardo Oliveros/ForadeModa

Lula Rodrigues conta sobre seu novo portal

O crítico de moda masculina do jornal “O Globo”, Lula Rodrigues, está na cidade para a Casa de Criadores. Além do blogue que ele mantém no site do jornal, ele disse que em breve vai abrir um portal sobre moda masculina, comportamento e cultura de rua, como o grafite. Ele não pode revelar o nome, mas adiantou que vai ter um “Ueba Radio”, podcast, que entre outras coisas, explica porque não se abotoa um dos botões do paletó, além de 23 links importantes de moda masculina”. Uuuuueeeeebbbbbaaaa, dizemos nós em coro!!! Ricardo Oliveros/ForadeModa

Briza fala dos seus medos

A jovem estilista Briza, que se apresenta pela terceira vez no evento fez sua coleção baseada no medo. “Para falar dos meus medos tive que ser muito honesta comigo mesma. Não queria ser maior do que eu mesma, e isso se reflete na roupa e no meu domínio técnico. Não fiz nada do que eu não soubesse trabalhar de verdade, as roupas tem poucas estruturas”, revelou a estilista.

Weider Silveiro revela a origem de sua técnica

Ontem a Biti Averbach/ModasemFrescura fez um artigo sobre os problemas técnicos que muitos estilistas jovens enfrentam. Weider Silveiro não sofre deste mal. Só de dar uma passada nas araras o apuro técnico é a primeira coisa que se percebe. Formado pela Universidade do Ceará, foi descoberto por Walter Rodrigues, numa exposição por causa de um vestido com 14 metros e completamente minimalista. Virou seu assistente até esta última coleção, apresentada no magnífico Gabinete Real de Leitura, no Fashion Rio.

“Walter sempre foi uma referência para mim. Com ele aprendi a construir uma roupa.”

Sobre as dificuldades de um jovem estilista, ele é bem realista e preciso: “Vender é o nosso principal problema. Nossa escala de produção é pequena, e não conseguimos fazer uma grade maior, que diminuiria os custos de modelagem, tecido e produto. Não temos preços competitivos. Nesta coleção fiz peças que podem ser mais comerciais no sentido de facilitar a produção de uma grade maior”.

Uma coisa que ele disse e que vale a pena para muito estudante de moda é: “Eu não quero ser artista, quero ser estilista. Eu quero ver minha roupa na rua. Meu sonho é vender grades e grades da mesma roupa.”

Sobre a nova coleção ele teve duas fontes: a lendária Madame Grès, como ficou conhecida Alix Grès, que produzia na década de 20 e 30, roupas de alta-costura para diversas maisons parisienses. Em 1934, resolveu abrir sua própria marca, chamada Alix Barton. Como muita gente, teve que encerrar suas atividades durante a Segunda Guerra, reabrindo logo após, como o nome que a consagrou: Madame Grès. É reconhecida pelos seus plissados em musselina. Entre suas clientes mais famosas estava a Princesa Grace de Mônaco.

A segunda referência é a heroína erótica de história em quadrinhos, Valentina, de Guido Grepax. Como ele concilia dois ícones tão distintos?

“São duas mulheres que trabalham sobre o corpo. Grès trabalhava suas roupas como esculturas, e a Valentina é uma dominatrix que revela suas formas. Esta coleção é sobre isso, a forma do corpo. Toda ela está centrada no busto e na cintura. Pego os plissados para redesenhar as formas femininas, tenho uma saia que amplia a noção de quadril, ao mesmo tempo que a cintura é muito marcada”.

Detalhe: Nada disso está no release, atenção, colegas jornalistas : ir no camarim falar com o estilista, ajuda muito na compreensão de uma coleção. Nem quero citar o Colin Macdowell de novo…

Valério Araújo joga pérolas aos porcos

Você entra no backstage e já sabe de longe onde o Valério está. A arara só com as roupas penduradas é uma festa só! Looks e looks com pérolas de diversos tamanhos aplicadas em fundo negro. Pergunta-se o tema da coleção e ele rápido: “Pérolas aos Porcos. Queria muito falar do surto, da dificuldade, da mistura que é fazer uma coleção. Então pego um tecido mais simples e encho de pérolas, ou um linho Braspérola 120, e resino inteiro, para dar uma impressão de couro. Hoje é muito difícil determinar as diferenças do que é chic. Num mesmo evento você encontra a socialite, a pobre que dá o truque, a celebridade, e todo mundo convive. O que as pessoas vão fazer depois da festa, é da conta do edi de cada um”. Uia! Quem não sabe o que é edi, consulta o Aurélia, Dicionário da Língua Afiada, que tem. Ou pergunte para qualquer bicha-amiga, que ela sabe, ok?

E quer saber? Chic mesmo é o Valério Araújo, que estava de camiseta, calças jeans, e um salto agulha, com uma corrente de strass. Diga-se de passagem, ele anda melhor do que muita modelo por aí.

E crítica mesmo, só mais tarde, porque a noite foi longa…