No meio do caminho tinha uma pedra

OLIVEROS DIZ: Reza a lenda que o terceiro dia de desfiles é o pior. Já vimos muita coisa e ainda tem muitas outras para ver. Dá um mau-humor, tudo fica chato, ruim mesmo. Junto daquela pergunta que não quer calar: o que eu estou fazendo aqui.

A Biti teve um surto neste dia. Queria parar de ver desfiles e ficar no ZigueZague, que é um evento paralelo que discute as outras relações que a moda pode oferecer, além de roupas. (BITI DIZ: Foi isso mesmo, e no domingo deixei de lado as passarelas vazias de significado e fui buscar algum conteúdo que fizesse diferença para mim. Foi bem enriquecedor ter comparecido à Conversa Transversal do ZIGUE ZAGUE, com Marilá Dardot, Márcio Banfi e Thais Graciotti. Depois eu conto como foi!)

Eu amo moda por causa disso. Busco relações, processos, histórias, desejos. É claro que vivemos numa bolha durante estes dias, num gap de tempo. Vivemos o amanhã, o que estar por vir…Dá-lhe setenças onipotentes: isso é bom, ruim, vende, não vende, gosto, não gosto.

Tem a constante ansiedade por um momento mágico, que mude a mesmice. Por outro lado, as coleções cada vez mais falam de mundo real, de mercado, e aquele lugar de sonho vai ficando cada vez mais distante.

Como é difícil esta equação: passarela x vitrine. O homem nu metal do Herchcovitch vai para vitrine??? O chic da Zoomp vai vender mesmo??? A Fabia pirou???

Essas perguntas meio que desabaram por um minuto de suspensão depois do desfile-show do AfroReggae. Independente da roupa apresentada, foi o único momento que me emocionei, chorei até.

Vida real – vida dura. Recuperação de auto-estima direto de Vigário Geral. Casting de modelos negros, e gente de lá. Depois disso, tudo ficou mais difícil, ainda mais que estamos só na metade ainda!!!

   

Desfile AfroReggae (Alexandre Schneider/UOL)