Vitor Angelo diz: Foi com uma certeza tristeza mórbida misturada com indignação que o assunto na temporada de verão do Fashion Rio foi a cópia na moda brasileira.
Não é apenas a moda brasileira que copia, não é dona Daniela Pinheiro?
Eu, que no evento, cobri para o site Uol fiz matéria com todo mundo opinando sobre o assunto e os ânimos se exaltaram pois todos os fashionistas sabem das cópias na moda, mas por uma certa “política” pouco se fala.
Sei que o assunto não tem nada de vanguarda, né Fernanda Resende?! kkkkkkkkkkkkkk, mas o que mais me intrigou partiu da declaração da jornalista Nina Lemos. “Mas a revista Piauí não copia a New Yorker com um leve ‘perfume’ de Pasquim?”. E completou-se com a declaração da editora de moda Iesa Rodrigues no último desfile do último dia do Fashion Rio quando sentei ao lado dela e ela comentou: “Não li, porque essa menina [Daniela Pinheiro, autora da reportagem] foi responsável pela minha saída do jornal. Te explico, ela chegou e me pediu para fazer um editorial exatamente igual a um que ela tinha visto no New York Times. Claro que usei as referências, mas ela queria que fosse idêntico. Aí, olhei pr ela e disse que não era palhaça, pois trabalhava com edição de moda há 15 anos e que aquilo era um absurdo!”
A cópia não é só um problema da moda e sim de toda a cultura nacional. E muitos pensadores no século 20 tentaram equacionar o problema. O maior crítico de cinema do Brasil de todos os tempos, Paulo Emílio Sales Gomes, não tinha medo de provocar ao afirmar que até o pior filme brasileiro é mais importante do que qualquer produção estrangeira. Ele não exercia um nacionalismo banal nem ingênuo, o que ele criticava era a mentalidade de um mercado no qual exibidores e distribuidoras priorizavam produções hollywoodianas em detrimento de filmes capazes de traduzir a cultura do país.
No clássico “Cinema: Trajetória no Subdesenvolvimento”, ele afirmou categoricamente: “Não somos europeus nem americanos do norte, mas destituídos de cultura original, nada nos é estrangeiro, pois tudo o é. A penosa construção de nós mesmos se desenvolve na dialética rarefeita entre o não ser e o ser outro. O filme brasileiro participa do mecanismo e o altera através de nossa incompetência criativa em copiar”.
Ele via na cópia e em todos os defeitos que ela acarreta um ato positivo na construção da identidade nacional.
Glauber Rocha : à procura de seu próprio olhar
Acho hoje que copiar é menos insalubre do que educar o olhar com referências dos países exportadores de idéia. É nesse mecanismo penoso de, sem nos questionar, olharmos sem crítica e muito deslumbre (e claro, complexo de inferioridade) a moda internacional que nos mantemos cada vez mais na periferia do mundo da moda.
Pós post: Quero deixar bem claro porque lendo o texto novamente acho que não ficou tão explícito assim: não sou a favor da cópia, mas dela podemos perceber nossas carências, nossas dúvidas e nossos complexos. Não devemos rechaçá-las logo de início, ela pode dizer muito sobre uma essência do país. E para isso temos que nos vigiar de nossas chamadas “referências”, como elas nos chegam e que tipo de mensagem ideológica elas trazem, porque muitas vezes são as referências do bom gosto dos chamados centros de moda que estão longe de nossa realidade, apesar do mundo globalizado.
Falo isso para não nos confundirmos com outra ação da referência que vem em outro dispositivo, aquele que alavanca o processo criativo. Não quero confundir com a referência que você pega para começar a construir uma idéia sua. Como foram os gregos para o Renascimento, o Tahiti para Gaugin, os bóias-frias para Herchcovitch ou mesmo o editorial que Iesa teve que partir do fadado New York Times.
não acredito no regional, acho que o desenvolvimento de produto”deve” ser desenvolvido como único para o mundo sem fronteiras de informação que vivemos. As vezes, o poder ter acesso a informação ou não é que é o maior problema. O desenvolvimento de produto só pensa na criação durante 15 dias a cada 6 meses o resto é uma ralação tensa voltado para resultados que muitas vezes modifica totalmente o projeto original, se uma pessoa faz um trabalho de pesquisa como ronaldo fraga , com certeza ele deve ter dado algumas voltas ao mundo também, como vc saberá que nossa literatura de cordel tem a mesma linguagem grafica que as ilustrações da idade média tão comuns na suiça , europa oriental e alemnha… certas coisas não estão apenas em livros, e a nossa cultura também é bem mista e difrenciada cada região, mais influenciada pelos orientais, ou europeus, ou africanod ou indios… o brasil dos brasilis… não é fácil… nossa cultura sempre foi composta por fragmentos, que segundo fayga ostrower, o processo criativo a contece na reorganização de elementos preexistentes, se nos fechamos ao mundo nos vangloriando de nossas descobertas apenas regionais pode ser que uma hora vc acorde e veja que já foi feito a muiiiiiiiiito tempo, não?
eu concordo com o posicionamento do glauber rocha, como foi também a nouvelle vague, a linguagem e o caminho era universal e por isso glauber rocha é glauber rocha
Eu li e aque foi coisa pra vender revista. Muito legal saber do comentário da Iesa… Acho que ela (a Daniela) se referiu com um pouco de ironia e maldade quando citava o nome de algum profissional do mundo da moda.
Prefiro ficar com a matéria do Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band que é beeeeeeem bacana e que me fez re-ouvir o disco e entender milhares de coisas. E a cópia continua né? Na televisão, na moda, na musica e etc… Muito bom o texto!
é um absurdo, uma falta de respeito.
se não tem criatividade, escolheu a profissão errada.
Inpiração é uma coisa, plagio é outra.
vanguaaaaarda! =)
Alguém já perguntou se esses “estilistas” não queriam copiar mesmo? Será que são tão inocentes assim nestas cópias lavadas? Pois eh! (…) Adorei o texto!
Texto BAFÔNICO, muito bom! Acho q vc levantou questões importantes aí, dão margem a muita discussão. Vamos nessa!
bjs
Menino, tava lendo hj cedo o Carriere e tava pensando nisso de identidade nacional… “a habilidade de contar a nós mesmos nossas próprias histórias, utilizando os meios mais modernos, de estudar a nós mesmos, em nossos próprios espelhos, será apenas uma forma de realçar a vida ou será essencial para a vida em si? Acredito que seja essencial para a vida.” Eu também!!!
Bjos
Bem bafônico mesmo! Mas adorei!!! E concrdo totalmente com vc quanto o olhar deslumbrado para a moda de fora, como se fosse tudo excelente! Fica meio difícil assim reconhecer nosso produto como algo de nível e qualidade próximo.
querido, glauber rocha foi um que morreu de copiar a nouvelle vague parisiense. ou seja, você escolheu o pior exemplo ever.
e sem querer perder a neutralidade mas já perdendo, dona daniela fez um negócio que brasileiro praticamente não faz (quanto mais numa publicação): falar a verdade.
quis basfond, conseguiu. se equiparou a quem tanto desdenha no texto, sendo o dela, infinitamente mais profissional.
não sei quem é aaa e porque se esconde pela insigna de C. já que e-amil e persona não existem e se cobrem no medo (tão estúpido ) no nosso país do anonimato, ainda mais num blog como esse que quer discutir idéias com pessoas
glauber copiar a nouvelle vague é como dizer que todo cinema ameicanao copiou griffith
adoro esse termo: falar a verdade…que verdade é essa? a acometida pelo estetiscismo estéril de dona daniela?
pelamor, o basfond não está no texto dela que é cópia de jornalismo denúncia e sim na idéia permanente de cópia no nosso país e é isso que o meu texto procurava explanar
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Vitor