BITI DIZ: Na sexta-feira, dia 17 de agosto, a coluna Última Moda, de Alcino Leite Neto, na Folha de São Paulo, publicou uma matéria com o diretor de arte Giovanni Bianco. Lá, Bianco fez afirmações contundentes, e na minha opinião bastante pertinentes, sobre a moda brasileira.
Bianco é um profissional conceituado, com fama de exigente e de “difícil”. Dizem que tem tantos admiradores quanto desafetos, mas suas palavras fazem sentido e merecem uma reflexão. Leia em itálico.
“O que virou o marketing de moda no Brasil? É sair em coluna social.”
Vamos pensar nisso juntos. Qual foi última vez que uma marca nacional chamou a atenção com uma estratégia de marketing diferenciada, inovadora? Eu me lembro da Ellus Second Floor, mas isso foi em…no século passado. E você?
“Bato palmas para quem faz as semanas de moda, mas hoje elas têm um grande buraco: está faltando conteúdo e edição.”
Quantas marcas nacionais têm algo consistente e relevante para mostrar na passarela? Segundo os profissionais de moda que conheço, são poucas e podem ser contadas nos dedos. A cada temporada, ouço mais reclamações sobre marcas inexpressivas que tentam desesperadamente chamar a atenção da mídia com truques e pirotecnias: cenografias mirabolantes, styling maluco, peças confeccionadas só para o desfile, sem nenhuma conexão com as roupas que estarão à venda nas lojas, e por aí vai. Mas nada disso dissimula a pobreza de idéias de uma coleção, aos olhos de quem tem olhar atento e alguma experiência.
“A moda é um todo, não pode ser o que acontece numa semana apenas. A marca São Paulo Fashion Week se tornou mais importante que qualquer grife individual.”
Eu acho que a confirmação disso –do valor da grife do evento– está estampado na página 2 do mesmo caderno, numa nota da coluna de Mônica Bergamo que diz:
“Paulo Borges, dono da SP Fashion Week, espera Nizan Guanaes de braços abertos: depois que o publicitário anunciou publicamente que tem interesse em “comprar” a semana de moda, Borges admitiu que pode fechar negócio…”
Então é isso, a moda brasileira avançou, mas ainda falta muito chão pela frente. E não se pode deixar-como-está-para-ver-como-é-que-fica, sob pena do país de ser atropelado pela globalização. Além da ameaçadora China, muitos outros países, como a Turquia e Bulgária, estão se preparando para competir industrialmente com o Brasil.
Palavras-chave para encontrar a saída: trabalho, foco, produção, distribuição, consistência, autenticidade. Já!
Cara Biti Averbach,
Acho bastante pertinente a discussão sobre este assunto. Ontem mesmo estava questionando isso em meu blog no artigo “pensamentos”… e é isso que proponha a todos os leitores a discussão….
Oi Biti!
As declarações de Bianco não me surpreendem em absolutamente nada.
A moda brasileira e seus profissionais necessitam fazer um exame de consciência, procurar conhecer mais a CENA FASHION do passado, ter mais respeito e interesse pelos profissionais brasileiros de outras décadas, não serem ingênuos e saber que sempre haverá gente muito e$perta e não muito idealista.
Você não se lembra do seminário MODA BRASILEIRA BRILHA, MAS NÃO VENDE?
Se alguém prestou atenção às minhas perguntas ao Colin McDowell, quando participei como moderador durante a palestra dele no último Fashion Marketing, vai entender muita coisa a respeito da moda brasileira.
A moda nacional, principalmente o fashion nacional, precisa parar de mentir tanto e a imprensa precisa ser mais investigativa e imparcial.
A moda, como eu disse, é a filha MIMADA da Indumentária, e muitas vezes, suas babás não são tão competentes como deveriam.
Beijos,
Marco Sabino
O jeitão desbocado do Giovanni tem seu lado bom. Da boca dele saem coisas que todo mundo sabe, mas poucos tem coragem de assumir. Tá certíssimo.
De fato desde que cheguei em SP e acompanho, trabalhando nas semanas de moda ( SPFW< Amni HOT SPOT, Casa de Criadores e O Pret à porté, o vamos dizer assim avanço da modda brasileira e não vejo nada de tão “inovador” assim, a não ser como você cita acima a Ellus second Floor qdo na época do lançamento da marca e alguns desfiles maravilhosos de designers muito talentosos que considero talentosos, como: Jun Nakao, Ronaldo Fragae e Lino Vilaventura, que transformam a suas apresentações em momentos delirantes para o Olhar.Fora isso, acho que a maioria das pessoas que trabalha no meio, ainda pensa que a produção de moda (industria/mercado ) é só esse “glamour” fantasiado que se ver nas colunas sociais.Vi a matéria do Alcino com o Giovanni e concordo com todas as afirmações dele.Gente difícil? não o conheço pessoalmente pra tecer nenhum comentário, mas acretido que muitos dos desafetos tenha sido causado pela sua postura profissional séria e intolerante à mediocridade de criação de alguns profissionais da moda brasileira.
Beijão!!Boa semana!!
Acho que deveria haver sempre um Fórum de debates à respeito do que foi apresentado nas edições do SPFW.( críticos, compradores, designers, fornecedores!!todos juntos falando e expondo suas opiniões sobre o que foi visto,etc..)