VITOR DIZ: A entrevista de Giovanni Bianco também me chamou atenção na última coluna de moda de Alcino Leite Neto na Folha. Também porque a amiga de Blog View Biti Averbach levantou questões importantes a partir das afirmações do diretor de arte sobre a moda brasileira. Concordo plenamente com a Biti que elas são muito pertinentes, mas tem uma questão que me intrigou muito.
Biti escreve colocando uma das frases de Bianco e terminando com a nota da colunista da Folha, Monica Bergamo:
“’A moda é um todo, não pode ser o que acontece numa semana apenas. A marca São Paulo Fashion Week se tornou mais importante que qualquer grife individual’
Eu acho que a confirmação disso –do valor da grife do evento– está estampado na página 2 do mesmo caderno, numa nota da coluna de Mônica Bergamo que diz:
‘Paulo Borges, dono da SP Fashion Week, espera Nizan Guanaes de braços abertos: depois que o publicitário anunciou publicamente que tem interesse em “comprar” a semana de moda, Borges admitiu que pode fechar negócio…’”
O evento realmente é uma das grandes conquistas da moda brasileira na década de 90 senão a mais importante. Tudo que surgiu nesse período vem embaixo de seu grande guarda-chuva de visibilidade: estilistas, modelos…
Mas a crítica de Bianco conjugada com a nota de Monica Bergamo deixa claro que essa construção não é sólida.
Faz já algum tempo que sabemos que o SPFW teve dificuldades econômicas e ultimamente com patrocinador, perdendo um bem importante Sabe-se que por conflitos de patrocínios (isto é, uma marca é patrocinada pela concorrente que patrocina o SPFW) alguns estilistas como Ricardo Almeida e Raia de Goeye deixaram de desfilar na semana.
Temos muito mais que uma dicotomia. Ao mesmo tempo em que a moda brasileira se planeja muito pautada nessa semana, ela não pode assim sê-la, pois o evento por oscilações externas (econômicas e políticas) a ele, é frágil e demonstra a fragilidade da moda brasileira ao nos pautarmos a partir dele.
Oroborus, a cobra come seu próprio rabo!
Caro Victor,
Acho bastante pertinente a discussão sobre este assunto. Ontem mesmo estava questionando isso em meu blog no artigo “pensamentos” http://blog.jesuis.com.br/2007/08/18/10/ … e é isso que proponho a todos os leitores: a discussão….
Lá não estou me direcionando ao SPFW, realmente acho que o evento é muito importante… e se ele hoje é mais forte que as marcas nacionais significa que está faltando ações estratégicas destas marcas… fora isso… nada.
Concordo em vc, Vitor, em parte. Os conflitos de patrocínio existiram, é fato. As dificuldades com patrocinadoras são eternas, não só na moda, mas em todas outras áreas culturais…cinema, teatro, etc.
Mas inegavelmente, o SPFW é a marca da moda brasileira que todos, aqui e no exterior mais conhecem. Não acho q Nizan Guanaes iria querer investir num negócio q não tivesse um retorno muito bom e garantido.
Agora, a moda brasileira não pode mesmo ficar pautada em função de uma semana por semestre. Para mim, o maior sintoma dessa doença é o fato das marcas criarem desfiles de “ficção científica”, onde o que é mostrado não tem coerência e consistência com o que a grife produz.
Aliás, vamos começar do começo: falta identidade e DNA à grande parte das marcas nacionais. Um bom número delas, a gente identifica pelo tipo de cópia que elas fazem. Ah, essa é a versão brasileira da Gucci, aquela copia Marc Jacobs, e por aí vai. Se as marcas partissem em busca de uma essência própria, teríamos um bom começo!
Hummmm, eba mais uma questão importante no BlogView!!!
Penso que as semanas de moda existem para facilitar o mercado de moda como um todo: lançamentos, coleções, edições de jornais, revistas e TV. O SPFW ajudou muito na construção deste mercado, mas não é a única via: temos o Fashion Rio, Semana de Moda, Prêt-a-Poter, Bom Retiro, Teen Fashion além dos desfiles isolados, como a da Cris Barros. Falta neste momento, uma organização melhor das datas de todos estes eventos, porque o público já está bem focado em cada um deles.
Penso também que o grande varejo precisa também se organizar para ajudar no DNA nacional como comento em http://forademoda.wordpress.com/2007/08/08/o-bom-o-bonito-e-o-barato-na-moda/
só vamos ter uma mudança significativa, quando pararem de olhar para seu próprio
umbigo. É PRECISO SER MAIS UNIVERSAL, e menos provinciano…na maneira de pensar.
Falta o trabalho em grupo, a troca para poder crescer, ninguém resolve um caminho sózinho. Como dizia Diana Vreeland, eu não, NÓS.
abs Claudia